sexta-feira, 23 de julho de 2010

Black Passaport, o passaporte de Stanley Greene

Stanley Greene com o seu Black Passport tem feito muito barulho desde que foi lançado em 2009, tanto por suas imagens quanto pela sua ousada narrativa de uma história mais que pessoal.

Stanley pertence à geração de fotógrafos que foi movida pelo idealismo presente em imagens, ou seja uma foto era suficiente para mover o mundo, trazendo a motivação e a força que as pessoas precisavam para isso. O evento que marcou essa geração foi a Guerra do Vietnam, com imagens fortes dos seus campos de batalha que traziam as suas histórias para os noticiários noturnos e para as revistas semanais. Além disso, a sua passagem pelo grupo dos "Black Panthers"com certeza contribui muito para Stanley carregasse as suas imagens de idealismo.

Porém, Black Passport deixa de ser apenas um livro de fotos de guerra, ele toma a forma de biografia quase que com um toque de testamento. O seu texto está todo em primeira pessoa, mas praticamente isso não seria necessário pois o fotografo já está presente em cada seqüência de imagens dos conflitos, se colocando como testemunha, e deixando para os textos detalhes da sua vida.

Esta formula faz com que o livro deixe de ser apenas uma edição de fotografias para focar o seu autor. Talvez uma forma de voltar a realidade do dia a dia ou uma forma de transferir os conflitos dos campos de batalha para as ruas ou para a sala de estar. Esse aspecto é evidente desde o começo do livro quando Greene expõem o seu divorcio com a fotografia de moda como um conflito mostrado nas ruas de Paris e Berlim.

Black Passaport traz um desfile de imagens que Stanley se coloca muito mais como observador que critica as cenas que presencia, esta parte do livro vai desde 93 em Moscou até chegar em 2004 no Iraque, quando entra um retorno a década de 70 em San Francisco com a sua jornada mais íntima para as ruas e as drogas, novamente as suas questões pessoais invadem os conflitos que ele cobre. Esses conflitos não são paralelos mas complementares, nas suas relações de causa-efeito o que Stanley vivia nas ruas ele retrata nos campos de batalha.

Após esse período, as imagens do conflito no Iraque e no Afeganistão estão focadas nos soldados e nas pessoas que vivem esses eventos e lugares, como uma homenagem à coragem que estes tiveram ao enfrentar esses conflitos, que segundo o próprio Greene admite não ter tido na época da Guerra do Vietnam. Mais uma vez um resgate de sentimentos e dúvidas que o autor traz para as suas fotos.

Black Passaport por fim é o passaporte de Stanley Greene do idealismo para o interior de seus conflitos pessoais.

2 comentários:

  1. Uma das frases mais interessantes que acho que a gente leu ou escutou nas entrevistas (já não lembro mais) é de que na realidade ele é um fotógrafo de crises e não necessariamente guerras (acho que se aplica a outros fotógrafos tb). Acho que isso amplia não só o escopo do trabalho, mas também o nosso entendimento do que é cobrir uma guerra ou discutir temas tão pessoais quanto o uso de drogas nos anos 70 (sempre guardadas as devidas proporções) =D

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  2. ...e chamado também de "Pantera Negra" Um dos maiores fotojornalistas da atualidade. o Cara e FODHA!!

    Ivaldo Cavalcante

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